De um refugo que foi ensinado por sábios, profetas e puros de coração, nos vêm a noção da CARIDADE e a de instituir um mundo justo e menos preconceituoso.
E, estava eu, iniciante nessa arte majestosa da CARIDADE, quando ainda era bem jovem e na fase de filhos muito pequenos, labutando num Centro Espírita chamado Razin, egresso da Federação Espírita do Estado de São Paulo, onde fui parar, pois meu coraçãozinho vislumbrava paisagens profundas que responderiam às minhas indagações. Lia muito e possuía também muitos e diversos livros dessa mistér.
Meu então marido tinha ido há dias atrás para o Rio de Janeiro, pois uma prima dele havia perdido o marido e os três filhos em um acidente de carro.
Estávamos perto do Natal e no quintal brincavam meus filhotes com os vários animaizinhos que possuíam e eu os espiava, quando chegou Marilene, que havia sofrido aquele infortúnio, para nos visitar. Buscava consolo para sua dor junto aos familiares paulistas. Trouxe mimos para as minhas crianças. Eu não a conhecia. Que moça linda. Alta, corpo proporcional, loira e com encantadores e luminosos olhos claros.
Conversamos muito, ela me contou de todo o acontecido, estava desesperada e sem perspectiva de vida. Eu a escutei, dei-lhe bastante carinho, mas meu coração sentia que algo ainda faltava. Fui então à minha prateleira de livros espíritas, escolhi um condizente com a situação dela e que versava sobre CARMA – por que razão as coisas acontecem de uma forma tão dolorosa – e dei-o de presente a ela.
Bem, não mais a vi e nem dela soube. E, passaram-se por volta de dois anos, quando, com surpresa recebi uma carta de Marilene. Na missiva ela me dizia que havia “devorado” o livro, e em seguida foi procurar uma casa espírita, passou a frequentá-la e a fazer os cursos. A tristeza foi passando, o sorriso voltando, conheceu um rapaz e se casaram e adotaram uma menininha.
Ela me contou porque me havia mandado a carta: no local espírita que frequentava um dia lhe disseram que alguém havia indicado ou ensinado a ela o que o espiritismo é e que ela deveria falar ou escrever para essa pessoa para agradecer. Ao terminar de ler a carta, senti no rosto o perpassar de uma carícia. E, alí estava eu, chorando de felicidade por eles e de joelhos no chão agradeci a oportunidade de ter feito algo tão pequeno, mas tão precioso, apenas guiada pela intuição de que deveria dar a ela “aquele” livro.
Conta ela que um dia sonhou com uma figura muito linda e majestosa que lhe disse que com aquele acidente do marido e dos filhos havia limpado uma negra mancha de seu passado.
E, eu que já fazia caridade, continuei a faze-lo mais ainda, o que acontece até hoje.
Agora, novamente de joelhos estou agradecendo tudo o que tenho e tudo o que posso fazer e o ainda farei pelos meus semelhante.
Faça, mas “faça mesmo” – vale a pena – Uma experiência particular e real
JONIA RANALI – Psicanalista,docente em Psicanálise e Palestrante