Era uma vez… Uma mamãe feliz, dona de casa, esposa dedicada e que cuidava dos três filhinhos que havia tido. Era espititualista e tinha sempre muita intuição, ideias bem claras à respeito da vida e da morte e bastante mediunidade. Sempre, desde menina teve uma visão dos quatro filhinhos que teria e sabia antecipadamente o sexo dos mesmos.
Frequentava o Grupo Espírita Razin, levando desenvolvimento em alguns setores do mesmo, principalmente na parte do Departamento de Ensino, que ela mesma criou e aperfeiçoou. Bem, encurtando um pouco a história, havia lá uma maravilhosa senhora que sempre pegava bebês pequenos abandonados, deles cuidava em todos os sentidos, inclusive levando para sua casa e quando os mesmos estavam gordinhos e viçosos labutava para lhes arrumar um lar com papai e mamãe, enfim um lar de verdade onde fosse bem recebido e bem cuidado.
Um dia estava eu lá trabalhando e uma das diretoras, muito querida, me contou que havia uma menininha num município próximo a São Paulo que havia sido deixada ao Deus dará e se eu poderia tentar arrumar um cafofo para ela. Contou-me que era linda, loirinha, de grandes olhos azuis e cabelos cacheados. Nesse momento ela entrou em meu coração, e me propús e ir arranjar-lhe um lar. Com meus três pequeninos à tiracolo, circulei, pedi informações, ofereci, exaltei a pequenina… E nada. Não consegui um lar para quele serzinho, até que desisti e com o coração aos pedaços disse para a Maria Rosa que havia feito de tudo, mas em vão. Ela ficou de buscar outras pessoas que fizessem a mesma coisa. Bem. Eu estava em paz, pois havia feito a minha parte.
Adendo: quando nasceu o meu terceiro bebê, uma menina, que eu chamava de minha princezinha, pois já tinha dois formosos varões que amava de paixão, ainda queria ter a minha quarta filhota, como havia visto várias vezes – meu quarteto, o meu médico ginecologista, o maravilhoso Dr. Jorge entrou no quarto da maternidade, onde estávamos eu e meu marido e disse: “Neguinha vamos conversar?” e explicou que por motivos físicos eu deveria não ter mais bebês. Eu ainda perguntei: “É ordem médica?” e ele disse “Sim”. E assim foi, bebês sendo evitados para o bem da minha saúde. Mas, mesmo assim, depois de um mes do término de minhas buscas de um lar para a linda loirinha bebê, o que aconteceu? Eu me percebi novamente grávida. Sabem que fiquei contente? Mas quando a notícia foi dada, algumas pessoas mais próximas até me sugeriram um aborto. Finquei os pés no chão e disse que o que estava dentro de mim só sairia, e com vida, após o término da gestação.
E… Assim foi. Quando a vi, meu coração pulava, pulsava e minha mente ia longe. Sabem como ela era? O meu bebê? Loirinha, de cabelos cacheados e com enormes e lindos olhos azuis. Hoje choro. Confirmei tanta coisa naquela época. A minha percepção espiritual, coisas entre o céu e a terra, o nosso destino, porque nascemos em uma determinada família e assim por diante.
Bem, minha querida menina, você cresceu, as coisas mudaram muito dentro de nosso lar, eu tive que acabar de criá-los sozinha e tenho certeza de que não consegui ser a mamãe perfeita que talvez você desejase, mas juro que na época dei o meu melhor. Foi muito difícil, pois você era, e acho que continua sendo, muito levada. Era um bebê tão lindo. Tenho duas netas que foram bebês belíssimos. A sua primeira filha, a Bruna e a Camila a primeira filha de minha Taís. Não que os outros não o sejam, mas falo de beleza física oa extremo.Mas você… Como dizer? era de um brilho diferente. Quando estava no carrinho tomando sol no clube ou quando saíamos e alguém se aproximava, sempre havia uma frase que se tornou comum aos meus ouvidos: “Que criança linda”. E você sorria para todos, sem distinção e levantava os bracinhos para ser pega ao colo. Meu coração exultava de felicidade, mas ao mesmo tempo pensava que algum dia laguém poderia me roubar minha linda boneca .
Hoje, que é dia de seu aniversário choro. Por que? De saudade porque você mora longe de mim; de felicidade porque cumpri com o meu dever de ser humano e de ser espiritual; porque fui atrás de minha intuição e não da vontade de outros; porque sempre fiz o possível e o impossível por você, e minha querida você, lá no fundinho sabe disso.
E hoje, no dia do seu aniversário, ajoelhada na sua frente, em espírito, eu agradeço por você ter entrado na minha vida e lhe peço perdão, de todo o meu coração pelas falhas que com você tenha cometido em todo o decorrer de sua existência até agora. Somos muito diferentes uma da outra, mas creia, trazemos uma predestinação lá de trás e também atributos, defeitos e obrigações com os quais teremos que labutar nessa vida. Eles já estão marcados em nós e o processo da educação pode e geralmente faz muitas mudanças, mas por vezes não.
Hoje eu lhe dou parabéns, desejo que ainda colha muitas coisas positivas em sua vida, e que nunca se esqueça que eu a amo,de todo o meu coração.
Com carinho de sua mãe.
JONIA RANALI